
o homem do tempo
modifico
como o tempo,
como cor,
como sempre.
ontem eu ensolarava;
era alaranjado.
dava luz às plantas,
bronzeava os corpos,
esquentava os ânimos.
agora, cumuliforme, nublo.
sou todo nuvens,
em tons de cinza,
mas não noto o fato:
estou nelas.
há tempos não nevo.
em múltiplos flocos brancos,
enxergava do alto
carros submersos em gelo,
asas de anjos pelo chão.
sempre me acostumo,
mudança após mudança.
quando a adaptação é plena
sofro nova transformação,
sigo um novo percurso.
entretanto, há uma questão que me inquieta.
um alerta iminente:
de acordo com a previsão do tempo,
amanhã eu choverei chumbo.
causarei enchentes,
derrubarei o que estiver à minha frente.
amanhã, serei um temporal
e ninguém há de se salvar...
ilustração por .g + Artista? Quem?