1.8.07

por Walker Cubano





Retalhos do cotidiano


Eu me escondo onde a solidão mora, onde a alegria habita, onde o sentimento insiste em sentir... Eu acordo todos os dias, vejo o mundo e sinto menos piedade de mim.

Eu sou de um tempo que se conversava com o porteiro do prédio, que se pedia meio quilo de açúcar emprestado a vizinha, que se vestia branco toda sexta feira, que se benzia quando passava em frente a igreja... Sou de um tempo que não se faz mais, e mesmo que se quisesse fazer, não se faria. Não aparecerão outras Marocas, Pêpas ou Josés, não, nunca mais.


--É verdade seu João, o senhor é que estava certo, o futebol é mesmo uma caixinha de surpresas... Ta vendo aí, meu Vitória perdeu, fiquei foi retado! E assim é que foi, meu time perdeu e meu amor partiu, e agora José? Ah vamos tomar uma para esquecer, e no final a gente divide a conta e o problema continua no mesmo lugar...


--Chegou, era tarde, sentou-se na cadeira velha que ficava no canto da sala, acendeu um cigarro e morreu, é, morreu... Assim, de morte morrida mesmo, é menina, não sabemos o dia de amanhã, a vida da gente não vale nada...

--Não é que foi mesmo, criatura? Eu vi, com esses olhos que a terra há de comer...

--Ah, minha filha, os meus a terra não come, porque já doei...


-- Alô, oi, tudo bem?

-Na santa paz.

--Já soube da última?

--Não, o que foi?

--A vizinha do 502 tá tendo um caso com o porteiro.

-- Mentira!!?

-- Juro por minha mãe mortinha


-- Vizinha, ô, vizinha, tem um quilo de açúcar aí para me emprestar?

-- Tem nada, abençoada, essa casa ta parecendo uma igreja...

-- É, quando tiver um dinheiro compro um carro, odeio ônibus cheio, aquele povo se roçando, aquele fedentina dos diabos, que miséria!

-- Ave Maria, se Deus me der vida e saúde, quero fazer o batizado de minha menina na igreja da Conceição da Praia... Ele vai prover!

-- Oxe, to juntando meu dinheiro para viajar, vou para Sauípe no final do ano, vou me armar, lá tem é gringo, minha filha. Se Deus me ajudar eu fico é rica e abandono essa pobreza. Peço a Deus para ficar rica um dia, porque ser pobre a vida inteira é de arrombar, aff!


E mesmo daqui, do outro lado, do meu mundo, continuo acordando todos os dias, olho no espelho, mais rugas, marcas de expressão, sinais do tempo, respostas do tempo, que não cala, não quer calar. Talvez não consiga prosseguir, talvez a cronologia me impeça, mas vivo cada dia de uma só vez e sinto, continuo sentindo, menos piedade de mim.



ilustração : Artista?Quem?

17.7.07

por Flávia Vasconcelos


Outro Mundo


Acordei num mundo diferente. Aliás, depois de tudo, vi que o meu mundo que é exceção. Acordei num lugar onde o sol parece estar mais acordado, onde a fé vira um ingrediente a mais para a sobrevivência: o pão, a água, a fé e pronto. Numa mesa de bar, lá nesse mundo, se discute o que é felicidade. Entre um gole e outro, hora os ânimos se exaltavam hora serenavam, afinal, definir felicidade não é fácil. Eles podem ser felizes vivendo em prol da esmola, porque não? Tudo bem, estaria eu aqui sendo etnocentrista ao pensar que outro jeito de viver, diferente do meu, não tem felicidade. Mas eu sou do time de cá, que acha que felicidade é não ser marionete na mão de gigantes, que só são gigantes porque souberam com muita perspicácia e crueldade manter-se onde estão.Ter felicidade não é só ter o que comer, viver sem o estresse do barulho ou se apegar a um santo e viver de fé. Eu mesma não defino felicidade, até porque não existe verdade absoluta, mas ser feliz não é apenas sobreviver. Tudo nesse mundo é digno de ser registrado, ou como denúncia ou como beleza. Crianças, mulheres, homens e velhos chegam aos montes em busca da cura de suas dores ou para agradecer caso não as tenham mais. Outras crianças, mulheres, homens e velhos recebem os que chegam, com a ansiedade e a esperança de conseguir mais alguma coisa para comprar seu sustento. Vendem a simpatia, a gentileza, o carinho e sua pureza nas barracas de lona para qualquer um que se aproximar, e, achando eles que isso era pouco, vendem também objetos, que só servem, para os que compram, como lembrança física, e que tem um valor limitado. Sem saberem que o mais valioso é o subjetivo, são as boas energias. E assim vai, num mercado incansável de energias. O sol a pino, as crianças, umas brincando, outras pedindo 10 centavos. Mas a criança é tão especial que, mesmo pedindo o dnheiro, assim mesmo se diverte, cumpre sua triste missão de pedinte na melhor forma possível (se é que existe algo de bom nisso, e se é que isso é missão) pois é criança, e como tal é curiosa e se deixa levar pelas brincadeiras, pelas novidades que em tempo de festa como esse, aparecem a todo vapor, como as lentes que as registram. Lentes essas que usei para não deixar essa beleza esquecida, embora ela fique no pensamento e nos sonhos que certamente virão, como agora por exemplo. Mas experiência como essa, nada e nunca é demais, registra-se de várias formas. Teria muita coisa a dizer sobre essa minha ida ao outro mundo, ao mundo que meu mundinho está inserido. São tantas as coisas, que as palavras se esgotam. Esse mundo se chama Juazeiro do Norte, interior quente de uma terra mais quente ainda, o Ceará. Estive por lá em plena festa dos romeiros, a linda e inesquecível Romaria do Padre Cícero. Só termino com a promessa de me tornar alguém melhor, de saber rir nas dificuldades como os “habitantes” do mundo que conheci. E também colaborar para que a miséria não se transforme em atração para turista ver, ou até mesmo vire cultura popular.




Imagens: "Senhorinha", "Criancinhas" e "Marquinhos", respectivamente, de Flávia Vasconcelos



25.5.07

por Artista?Quem?

Estranho Conhecido




Será que é? Senão é, como há de ser? Mais denso, mais curvo, mais calmo, mais calvo? Talvez menos tenso, menos encolerizado, com mais limites entre o certo e o errado, o “não” e o “sim”, com mais clareza, sem meias palavras e jogos. Disseram-me que seria como dançar feliz sem música de fundo, como ouvir sem que o outro precise dizer, seria como Tom Jobim, Vinícius, Chico, Cartola e Noel numa mesma canção, como Niemeyer e Phillipe Starck assinando um mesmo projeto, seria como um dia com 48 horas de duração e sem trabalho, como um Carnaval eterno. Embora muitos preguem que se pareça com um enforcamento ou um casamento com a dor, um labirinto, um querer quase escravo, uma autoflagelação, e fujam dele, muitos continuam a buscá-lo sem saber o porquê. Será eterno?Durará até o próximo inverno? Estarei um dia de terno no altar? Pode ser que tudo que eu tenha como evidência da sua existência não seja de fato válido e a humanidade inteira esteja errada: o pulsar mais forte, o querer bem, o sofrer junto, a euforia, a saudade, a presença enquanto um se faz ausente, o dormir abraçado, o cantarolar pela manhã, o andar de mãos dadas, o rir de si mesmo, o pensar no futuro, o “eu te amo”, não valham de nada. Provavelmente sejamos todos loucos. Loucos pela felicidade, de um otimismo exacerbado, de um desprendimento com o futuro e com o ridículo. Loucos, como dois camicases que não conseguem jogar o avião, dois homens-bomba medrosos, loucos por um sentimento que não conhece nem a nascente nem o poente. Talvez seja como um feto eterno que nunca virá à luz, um desconhecido. Um estranho conhecido. O amor.



dedicado a Manuela



Imagem: "My Hearts Bleeds no More" de Endorphine

14.5.07

por Walker Cubano

Ao povo de santo



Vida em prol da fé, da crença

Em oração pedimos, em cada súplica

Quilômetros, procissões de quê?

De fé, Jesus, Buda e Alah, velas e crenças

Distintos, sincretismos e misturas, efêmeros e diferenças

De Santo Antônio, Santa Bárbara, São Jorge

É Ogum, Oxum, Oxossi, Iansã

Da procissão ao terreiro

Contas se fundem com terços e velas

Procissões, de tantos e tantas, descrenças

Beatas, cantam, sussurram leve ao ouvido

Fusão de cores, velas, pés inchados

A crença descrente, a dor que não dói, o amor que não ama

Do povo sofrido, da seca, do calor do sertão

De gente que chora, que diz amém e agradece por um pouco de farinha

Dos meninos dos pés descalços, do rancor, da fome

Gente que tem santo e nosso senhor na parede, a benção...

Deus lhe ajude, lhe pague e lhe dê em dobro

Carece não, seu moço

O canto para curar, o santo para abençoar, a fé para crê

Duas, três, quatro, cinco beatas, véus de renda, missão

De quem segue meu padinho pade Ciço, de Juazeiro do Norte

De quem pede, Louvado seja nosso senhor Jesus Cristo...

Para sempre seja Deus louvado

De quem segura na mão de Deus e vai, de quem nunca foi, todos iremos

Em romaria, em prece, em pau de arara, em busca das “melhoras”, eles vão

Sigam, segue, seguimos

Na estrada de barro, com o chapéu de palha e o lenço na cabeça

Com a enxada, suor no resto e força bruta nas mãos

Onde for nós iremos, onde for “nóis” vai

Quem te mandou aqui, Virgulino?

Não abençôo cangaceiro, Virgulino

Disse Padre Cícero à Lampião

Tudo pela crença do povo, da cidade ou do sertão

Abram alas para as crenças do povo, abram alas para as procissões de fé.




Imagem: Mario Bestetti da série "Romeiros de Pedro Batista"

Depois de um mês de merecidas férias (afinal trabalhamos bastante durante as férias) o Ao Cubo retorna alegria, tristeza ou felicidade geral da nação! o importante é que queremos continuar tirando nossos leitores da inércia que internet muitas vezes se torna.


estamos de volta de novo mais uma vez!
sintam-se em casa, entrem, fiquem a vontade e não reparem a bagunça

2.3.07

por Luly Gouveia


Ahhhhh... O Verão [Isso, o mesmo da propaganda de cerveja]

[Antes do post propriamente dito, revelo meu desapontamento - e total repúdio – ao Minidicionário Houaiss de Língua Portuguesa. Onde já se viu definir Verão como “Estação mais quente do ano, entre o outono e a primavera?”]

Conte aproximadamente três meses de calor infernal [principalmente se você mora em capitais supostamente desenvolvidas e com idéias de jerico do tipo “Vamos fazer um metrô aéreo”], bundas e bíceps recém bombados [ ou trabalhados forçosamente durante outros noves meses] desfilando protuberantes pelas areias, proliferação de bandas de pagode e/ou similares emplacando “hits” nas paradas de sucesso da Piatã FM [E eu nem contei as letras sem o mínimo de concordância verbal e coreografias toscas que desafiam a sua nádega a se mover ao mesmo tempo em que as notinhas de cavaco].

Também tem o surgimento inesperado e inexplicável de todos os tipos possíveis de formiga que, à espera do inverno, saem guardando comida [igual a historinha da cigarra dos verões passados], e aí amigo, haja repelente e detefon que dê jeito nas gulosas! Fora o sistema de ferry-boat caindo aos pedaços e que demoram UMA hora para fazer a travessia São Joaquim – Bom Despacho. Tinha também a programação mais bunda de meu Deus do Festival de Verão, a quantidade insuportável de turistas gringos que lotam as ruas, as praias, as boates, os restaurantes, os cinemas, os buzus e cabe a você [mero transeunte] ter que dar informações necessárias de como se chegar à Barra pegando um ônibus Aeroporto.

Enfim, eu poderia relatar umas 12 razões para odiar o verão [alguém ai inclua mais um motivo: o do dodicionário], mas eu não conheço uma santa alma que odeie o verão e/ou dê três pulinhos para São Longuinho em agradecimento ao término de mais um. Daí, já que somos brasileiros, baianos e soteropolitanos, com mania de dar jeito em tudo, pesquisei maneiras para arrumar as situações mais odiadas do verão e assim, passar mais uma “estação quente do ano, entre o outono e a primavera” feliz e sorridente.

Tá calor? Ar condicionado resolve fácil. Ventilador também. No buzu, vale até ventilador de mão.

Ta suando? Desodorante antitranspirante em aerosol. Roll on, creme e o escambau. Banho frio também resolve. A maneira é opcional: pode ser de chuveiro, de mar, de piscina, balde, mangueira ou até cuia. Ferver em 32° que não dá certo.

Foi à praia e torrou a pele? Hidratante nela! E nem vem dizer que após o alívio, os agentes hidratantes do “Dove Verão” são frescura para pagar mais por um hidratante.

O gel acabou? Usa o gel de depilar! É extra-forte [recomendado pela revista Capricho, não tenho nada haver com isso!].

Não suporta o pagode infernal? Não assista ao Bom D+. Não escute a Piatã FM. Tenha sempre em mãos um Ipod ou MP3 player repleto de músicas de Caetano, Beatles, Mutantes, Strokes, Formidável Família Musical, Chico e Tom Jobim [aproveitando as comemorações do décimo ano da morte dele].

Ta de saco cheio pela cidade entupida de gente? Arrume um amor de verão, ué! Se for gringo, ótimo, assim você vê onde o seu curso de idiomas pode ser aproveitado. Se puder, arrume dois, três, quatro...Amor de verão é o que não falta.

Não tem nada o que fazer? Programação é o que não falta. Tem opções desde ver o pôr-do-sol no Farol da Barra até aquele show badaladíssimo super pop lá em Praia do Forte. Tem cinema [que sempre estréiam filmes legais], tem shows [sempre com ensaios maravilhosos seja de graça, ou seja pagando os olhos da cara], tem praias para se caminhar à noite e se torrar de dia, tem sorvete a cada esquina, tem amigos sempre de férias e dispostos a qualquer reggae, tem jogo de buraco com avô e avó, tem exposições pela cidade, tem parques para andar de bicicleta, tem manga rolando em qualquer quintal perdido, geladinho na casa do vizinho, tem amores de verão chovendo pela cidade, tem estrada seca pra viajar no fim de semana...Tem tudo. É no Verão que a felicidade mora.

Ahhh...É Verão. E o que você vai contar pros seus netos?


Luly Gouveia
, é estudante de jornalismo,
PhD em Música, escritora da trilha
sonora do seu dia-a-dia, e coloboradora
do Ao Cubo
luly_gouveia@hotmail.com

por Artista?Quem?

Tons do Verão

click na imagem se quiser ampliá-la











Artista?Quem?
Um quase artista,
quase estilista,
quase escritor


Obs: essa câmera fotográfica da foto ao lado foi só pra tirar onda mesmo, os clicks
dessa sessão foram feitos pelo celular, um Nokia 6235 já precisando de reparos

4.2.07

por Walker Cubano



" Ah, Bahia aiá, Bahia cidade de São Salvador "


Verão rima com tantas palavras que poderia fazer uma poesia, mas a imaginação não alcança. Poderia fazer uma cantiga ou uma música, mas não sou cantor, compositor ou algo do gênero... Então, me esforçar para fazer algo se torna preciso. Esse blog precisa de alimento: Um dia na praia, uma conversa com amigos, uma cerveja gelada no final da tarde, na orla talvez! A verdade é que as letras e as palavras se confundem com o próprio verão e fica difícil descrevê-lo. Vinícius ou Caymmi fariam melhor que eu, certamente, mas creio que posso tentar... Vamos lá, um coqueiro, praia de Itapuã, ah, Itapuã anda tão feia e tão sem graça também... Quem sabe a Barra? Não, sinto que a Barra, o Farol, o Cristo ou o Porto já viveram dias melhores... È, o Rio Vermelho, não, mais uma vez não... Só saberia falar das quilométricas (exagero) filas para comprar um mísero acarajé. Definitivamente, não vou escrever sobre as praias, decidi!

Estamos em outro estágio de descrição, a beleza da cidade: Ah, minha São Salvador, como você está linda... Êpa, alto lar, nem o turista mais cego ousaria dizer que a cidade está linda, acho que a sensibilidade utópica do autor está bastante aguçada... Você é sotero ou é politano? Hum, peguei vocês, subam e desçam o Elevador Lacerda trocentas vezes e não saberão me responder...

- Uma voltinha na Ribeira, que tal? Um sorvetinho, depois a gente estica até a Ponta de Humaitá, que tal?

- Talvez não. Não tenho carro...

- Ó, que lástima meu bem, eu também não...

- Então, vamos de ônibus mesmo?

- Quanto custa à passagem?

- R$ 2,00

- Mas, não era R$ 1,70?

- Eles aumentaram

- Mas, o prefeito não era evangélico?

- Ora, bolas! Só por isso ele não pode mandar aumentar a tarifa?

- Pode, mas você é do Candomblé?

- Por que essa pergunta agora?

- Não sei, acho que porque percebi um colar verde no seu pescoço...

- Mas o que isso tem a ver com o nosso passeio?

- Nada, mas não simpatizo com o Candomblé...

- Droga, putz...

- Deixa isso pra lá, vamos?

- Não, obrigada! Preciso ir...

- Mas, já?

- O trânsito, sabe como é, né?

- Disseram que a SET está em greve...

- Não, não está, mas mesmo que estivesse não faria diferença...

- Mudemos o rumo dessa prosa. Gosta de praia?

- Gosto, até que gosto... não gosto mesmo é daqueles garotos insuportáveis que vivem com os óculos escuros na cabeça.

- É, virou moda...

- Moda? Rsrsrsrsrsrsrs, faltou o senso do ridículo...

- E de bermuda floral, você gosta?

- Odeio também, odeio o conjunto: óculos escuros na cabeça, bermuda floral e falta de cérebro.

- Bem sincera você...

- É a vida...

- E de cinema, gosta?

- Ah, gosto sim... Os filmes do Woody Allen

- Eu gosto dos filmes do Van Dame...

- Eu gosto mesmo é de cinema espaçoso...

- O do Aeroclube, por exemplo?

- Não, meu bem. Eu disse cinema, e não centro de prostituição...

- E de verão, você gosta?

- Só fora da Bahia...

- Mas, a Bahia é linda...

- È mesmo ? Onde? Me mostra...

- O Elevador Lacerda, o Farol da Barra, Itapuã...

- O senhor gosta de Itapuã ?

- Sim, moro por lá, inclusive...

- Sorte a sua...

- Então, vamos passar uma tarde em Itapuã?

- Não, obrigado. Odeio Vinícius de Moraes...

- Mas, mas...

- E esse metrô, sai ou não sai?

- Que metrô, meu senhor?

- O nosso, o daqui de Salvador.

- Isso tudo é falta de assunto mesmo ou é babaquice?

- Desculpe...

- O senhor vem me falar de coisas que não existem e que nunca vão existir, o metrô por exemplo...

- É verdade...

- - E você, trabalha em quê ?

- Estou desempregado...

- Já tentou o SIMM ?

- Até que já, mas só recebo “não”

- Era para rir?

- Pra descontrair...

- Péssima...

- Desculpa...

- Não precisa se desculpar...

- Agora tenho que ir de verdade...

- Mas, mas...

- Até a próxima, bom te conhecer!

- Odeio você, a SET, o prefeito, Mãe Menininha, o Bispo Macedo

Pense em um absurdo, na Bahia tem precedente! Já dizia Otávio Mangabeira...

Para Carol, tão longe e tão perto ao mesmo tempo, mas sem o verão da Bahia!



Walker Cubano é apreciador de um bom Whisky,

de uma boa cerveja e de um bom papo.

Faz Jornalismo na Faculdade e
Marketing na vida.

17.1.07

por MAnu Ferreira e Artista?Quem?

RECEITA



Dizem por aí que o verão é são, porém não santo.

É bom, é tão.

Dance, cante, chore com um sorriso embriagado no rosto

Posto torto

Por outro alguém.

Desetruture-se por um momento - tudo dura tempo

Longo o bastante para modificar o depois,

mas que ao começar já anuncia terminar.

Se prometa e se puder

não cumpra ou cumpra, tanto o faz.

Transforme a prosa do cotidiano em poesia

Se tiver cabelos, deixe-os ao vento

Suje os pés de areia pra depois lavar na água

Não vista biquíni, vista

Bunda

E fale do falo do rapaz

E fale das curvas moçoilas

E nade mesmo que procurando fôlego.

É verão!


Dizem por aí que o verão é feito fogo:

Máquinas de curvar

Máquinas de beijar

Máquinas de deitar

Máquinas de beber

Máquinas de se arrepender

Máquinas de não esperar o dia seguinte

Máquinas de faturamento - faturando aumentos.

Máquinas de Abadás

Máquinas de engravidar

Máquinas de fazer o que se quer de verdade


Maquinando a vinda de turistas

“Sorria, você está na Bahia!”


A culpa é de todo mundo,

E todo mundo tem razão,

Ou não


Uma panela de pressão, sem graus.

E ferve...



Artista?Quem?
Um quase artista, quase estilista, quase escritor



MAnu Ferreira
Pós graduada em nada, Doutora em nada,
escritora de fanzine mto feliz com seus escritos

12.1.07

Verão no Sofá

Amigo leitor,

A sétima arte continua sendo uma grande pedida. Apesar de ser um velho senhor, o cinema ainda atrai, seduz e encanta platéias. Pode apostar que em pleno verão algumas pessoas ficam trancafiadas dentro de casa comendo pipoca e assistindo a uma pilhas de filmes em dvds, e por acaso isso é ruim? Muito pelo contrário, viver e gostar de cinema é alimento para a mente, mesmo que você continue branquelo por não ir à praia. Sendo assim, boa sessão, com uma boa pipoca, é claro!



Ahhh, ia me esqucendo, assim como é bom indicar filmes, é bom receber indicações, quem tiver alguma é só enviar

abraços.



Pequena Miss Sunshine

Nem de longe, e muito menos de perto uma família parece normal. Essa é a primeira certeza que temos ao ver as cenas iniciais de Pequena Miss Sunshine (Little Miss Sunshine/EUA/2006). Um pai fracassado empenhado em vender seu programa de “9 passos para o sucesso”, um tio suicida, um avô viciado em heroína, um irmão que fez um voto de silêncio inspirado em Nitchze e uma mãe que tenta estruturar esse ambiente são os componentes da família da pequena Olive Hoover, uma garota de 7 anos de idade que tem como grande meta ganhar o concurso Little Miss Sunshine na Califórnia. Em busca desse sonho a família se une e é a partir da viagem q ocorrem as situações mais impagáveis da história do cinema, levando o espectador do riso ao choro (e vice-versa) em questão de segundos. Vale conferir. Como um bom baiano diria: é um filme MASSA!

O Elenco cria uma harmonia interessante em que ninguém se sobressai embora todos estejam muito bem:

Greg Kinnear ("O Enviado"), Toni Collette ("Em Seu Lugar"), Steve Carell ("O Virgem de 40 Anos"), Alan Arkin ("Anjo de Vidro"), Abigail Breslin ("Sinais"), Paul Dano ("Show de Vizinha").

A Direção é de Valerie Faris e Jonathan Dayton, conhecidos pelos videoclipes do Red Hot Chilli Peppers como “Californication”, “Otherside” “Scar Tissue”, entre outros.

- Recebeu 2 indicações ao Globo de Ouro, nas categorias de Melhor Filme - Comédia/Musical e Melhor Atriz - Comédia/Musical (Toni Collette).

- Recebeu 5 indicações ao Independent Spirit Awards, nas categorias de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator Coadjuvante (Alan Arkin e Paul Dano) e Melhor Roteiro de Estréia.





Bonecas Russas

A continuação do filme “Albergue Espanhol ” é tão boa quanto o primeiro filme. Se no “Albergue” Xavier (Romain Duris), estava buscando uma identidade pessoal e profissional quando vai morar num albergue em Barcelona e acaba trocando a Economia pela Escrita, em “ Bonecas Russas”(Les Poupés Russes/França – Inglaterra/2005) 5 anos depois descobre-se descontente com o rumo da sua vida ao chegar aos 30 anos. Revê paixões, amigos, sonhos e desejos e se vê confrontado com o desastre da sua vida amorosa quando é incumbido de escrever um roteiro romântico. Um filme que foge do convencional nas imagens, na “universalidade” do elenco (dinamarqueses, franceses, alemães, russos, italianos, ingleses), numa narrativa não linear e um roteiro bem editado(entrecortado pelo presente e passado das personagens).Um filme que fala de cotidiano,da passagem da adolescência à vida adulta, dos altos e baixos da vida. Um verdadeiro passeio pelos sentimentos, uma história de amor “maquiada”. Tão bom que já merece uma continuação.

Dierção de Cédric Klapisch

- Recebeu 3 indicações ao César, nas categorias de Melhor triz Coadjuvante (Cécile De France e Kelly Reilly) e Melhor Edição.




E Sua Mãe Também

Com pitadas de drama e comédia muito bem desenvolvido pelo diretor Alfonso Cuarón, E Sua Mãe Também (Y Sua Mama También/ México/2001) mostra personagens que poderiam ser reais em situações reais. A Amizade permeia toda a história de Tenoch (Diego Luna) e Júlio (Gael Garcia Bernal), dois jovens mexicanos um tanto alienados que tem como principal ocupação a masturbação, maconha e mulheres; que decidem fazer uma viagem com a esposa do primo, Luisa (Maribel Verdú) a um lugar fictício (Boca Del Cielo) em busca de aventuras e sexo, entretanto o que descobrem durante o caminho são verdades e mentiras duras demais, uma amizade ainda mais forte e um sentimento de despedida. Um filme gravado de forma quase documental (com narrador) com uma áurea adolescente, que fala do ser humano, de brigas, de companheirismo e que faz com que o espectador com certeza se veja ou lembre de alguma situação parecida num passado não muito distante. As minhas letras mal digitadas aqui seriam falhas pra tentar descrever esse excelente roadie-movie mexicano com pitadas de crítica social. Um prato cheio para quem não agüenta mais as repetitivas “fórmulas” dos filmes adolescentes americanos. Aluguem, se não gostarem podem comentar me xingando, mas duvido muito que isso aconteça.

- Recebeu uma indicação ao Globo de Ouro, na categoria de Melhor Filme Estrangeiro.

- Ganhou os prêmios de Melhor Ator (Gael Garcia Bernal e Diego Luna) e Melhor Roteiro, no Festival de Veneza.

- Ganhou o Independent Spirit Awards, na categoria de Melhor Filme Estrangeiro.

- Recebeu 2 indicações ao BAFTA, nas categorias de Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Roteiro Original.





4.1.07

Personagens de Verão

A equipe do Ao Cubo foi à Praia do Farol da Barra para saber a opinião das pessoas sobre o verão. O que elas gostam de fazer, o que mais combina com a estação, os amores, as histórias, os “causos”. Logo abaixo você encontra opiniões despidas de qualquer pudor e com a descontração que pede à estação do sol. Leia, divirta-se. E você? Que histórias de verão tem pra contar? Se a coisa for imprópria pro horário e você não quiser se identificar, tudo bem, mas lembre-se: o que vale é a história, e nosso blog já nasceu sem pudores e já atingiu a maioridade.

Abraços!



Nome: Júlio Quesada

Profissão: Aposentado

O que combina com o verão? : O verão combina com descanso, sonhar. Não pode faltar amor no verão.

História de verão: “Passei o último verão no Rio de janeiro, conheci uma carioca em búzios, foi muito bom, uma inspiração, a melhor coisa que passou em minha vida”

No verão... : As pessoas ficam mais abertas aos relacionamentos no verão, pelo sol mesmo, o corpo precisa muito da energia do sol, no inverno ficamos mais tristes, precisando do sol, o sol é vida, vida é amor.



Nome: Jorge da Silva

Profissão: Vendedor de bebidas na paria

O que não pode faltar no verão? : É amor no coração e cerveja gelada

No verão... : Aqui na praia a gente trabalha, mas se diverte



Nome: Carlos Roberto Francisco de Jesus

Profissão: Vendedor de bebidas na praia

O que não pode faltar no verão? : Cerveja, água de coco, refrigerante, bebidas em geral.

História de verão: Hoje mesmo (03/01/07) vendi uma água de coco e a pessoa foi embora sem me pagar

No verão... : Os gringos que vem aqui na praia gostam de tomar caipirinha e dizem que as brasileiras são muito bonitas e gostosas. Mas, aqui em frente a minha barraca nenhum conseguiu nada. Para eles aqui na praia só falta banheiro público.

Amor de verão: Uma mineira que está hospedada em um hotel aqui perto se engraçou para mim, tenho esperança dela voltar aqui na praia antes de ir embora.


Nome: Omar Leoni Silva

Profissão: Estudante

O que combina com o verão? : Praia, piscina, skate, reunião em família, um barzinho.

No verão... : A companhia é fundamental. As pessoas expõem seus corpos, as meninas começam logo a piscar.

História de verão: Tenho poucas histórias de verão, afinal as minhas desbravações começaram à pouco tempo. Mas, minha amiga Geane tem uma historia. Ela estava observando um cara urinando no banheiro público, aí o cara saiu, deu uma cantada nela e ela resolveu dispensar o rapaz” “ Segundo ela o rapaz não era bem dotado, tinha uma besteirinha.

No próximo verão... : Eu espero que a minha turma esteja junta. Afinal, meus amigos viajam muito.

1.1.07


Caro leitor,

Janeiro é um mês muito significativo para nós do Ao Cubo. Significativo porque é nesse mês que comemoramos o nosso primeiro ano de existência, e também porque é verão e nessa estação as pessoas ficam mais felizes, mais dispostas a pular de bang jump ou a dar um simples beijo na boca. Já havia notado a semelhança entre a 3° pessoa do plural do verbo VER no Futuro do Presente( eu verei/tu verás/ele verá/nós veremos/eles VERÃO) e a palavra “Verão”, a que designa as estações do ano que sucede a primavera e antecede o outono? Pois é, a mais coisas em comum entre elas do que se possa imaginar. As duas indicam algo que ainda não foi realizado, que ainda está por vir e que, com certeza, promete! E é nesse sentido que preparamos uma programação diferente para esses dias de verão. Vamos contar causos, histórias, ouvir a opinião de vocês sobre o verão: O sorvete que manchou sua blusa, o amor mais quente, o “porre” inesquecível, a viajem marcante.

Para esses meses o blog fica mais interativo e talvez isso se torne uma característica fundamental daqui por diante, para quem gosta de mudanças o Ao Cubo será um prato cheio, ou uma taça cheia, ou um copo cheio, como queiram... 2007 será um ano diferente e essa diferença passa por você e você passa por aqui (assim esperamos).

Aproveitamos também para comemorar um ano no ar. Já escrevemos aqui sobre amores, depressão, samba, sons, ruídos, egos, mentiras, verdades, chuva, tédio, cor, arte, sobre gente que existe e gente que nunca existiu. È importante que vocês saibam o carinho e o respeito que temos por esse espaço, ele se tornou a menina dos nossos olhos (como nos acostumamos a chamá-lo). Escrever para o Ao Cubo é escrever de forma mais leve, menos sisuda, mas nunca com menos seriedade. É poder levar nossas impressões de mundo para quem lê... Ah, e antes que nos esqueçamos, o nosso MUITO OBRIGADO a todos que por aqui passaram com comentários ou que nunca comentaram, mas que fazem questão de olhar sempre às novidades postadas. Pelas críticas positivas, pela divulgação boca a boca, pelo reconhecimento, muito obrigado de verdade. Entre, fique a vontade e não repare a bagunça! Afinal, é Verão.

A equipe do Ao Cubo