Um texto de amor para a BahiaBahia de momo, de gracejos
Colombina e pierrô, tristes mundos
Da janela invisível da alma, do amor dos beijos de carnaval
Dos filhos do carnaval, cordeiros, ambulantes andantes, sofredores solitários
Do desespero, da lágrima de um filho sozinho, carnaval de ritos
De multidões e tristezas, fraquezas, do negro
Terra de verão, vermelho, um sorriso de mulata
Invadiu os trópicos de meus sentimentos, lugar de gente
Gente que gosta de gente, de ladeiras, das noites inacabadas
Cidade da Bahia, alegria explícita, de uma dor de pós verão
Aqui se vive cada dia de uma só vez, sem pressa
Bahia de oração, rezas, mandingas, de fé
Lugar de gente pobre e classe média falida também
De suor, cervejas, lágrimas de adeus
Terra onde não se nasce, se estréia
Terreiro de ogum, oxum, iemanjá, iansã e nanã
Igreja de Santa Bárbara, do Senhor do Bomfim, da Conceição
Caminhos de procissão, de lamentos, passos rumo à fé
Bahia do profano, de futebol, da beira mar
De história viva, Bahia, de poetas e poesias
Lugar de viver bem, de miséria, sobe o vidro, sinal aberto
Cantaram em verso, Pelourinho, Gantois, Jorge
Terra dominada, de cabelos brancos, olhar enganador
De braços abertos, das putas tristes e decadentes da ladeira da montanha, labuta
Tombaram, patrimônio, para turista ver
Cidade das águas, de sofrimento, de gente pedinte, sinal aberto para a miséria
Sinal fechado para o pobre, escondem, camuflam, gente suada, ebulição
Das tardes de ônibus lotado, do por do sol, dos alagados
Conflitos internos, conflitos de cor, maioria negra, de verdade
Fitas do Bomfim ao vento, largo de Santana, terra onde se ri do nada
Do Deus lhe pague, de hoje a oito, do pra semana, de um rio, Rio Vermelho
Flanelinhas inesquecíveis, todos viram doutor, um trocado, diploma de doutor nas mãos
Oxente, logo se transformou em oxe, ônibus passou a ser buzú, festa logo virou reggae, ditos
Das ondas, de Ondina, Itapuã de Vinícius, cidade do amor sem fim
Das pegadas na areia seca, dos copos, de corpos, envolvimentos
Um dia te pego em meus braços, carrego para mim, São Salvador
É para todo o sempre, só teu o meu sentimento, velha senhora, saravá!
Adendos- Depois de algum tempo sem escrever(não sei se meus textos ainda agradam) me senti angustiado, crítico demasiado de mim mesmo. Esse texto só foi possível graças a ajuda de um grande amigo chamado Leandro Maciel(por ventura também responsável por textos publicados nesse blog). Além de surgir como incentivador, editor e amigo, Léo surgiu como um grande observador de detalhes, sendo assim não há mais palavras para agradecer, divido esse texto com ele.
AGRADECIMENTOS ESPECIAS:
A Mariele Góes, pelas fotos cedidas e pela sua arte, nossa futura Pierre Verger dos trópicos.
ILUSTRAÇÃO: Artista?Quem? e Mariele Góes