13.6.06

por Artista?Quem?


7 Jogos

8 anos de idade. Sem saber muito bem as regras, um garoto assiste aos jogos.Tudo uma verdadeira descoberta, inclusive a noção da vitória.
Sem mais preocupações, assisto aos 7 jogos (que passam rápido) sem noção de nada, de maneira inocente, assim como era também todo resto da minha existência, sem saber quanto custam às necessidades diárias (em termos financeiros e práticos), com pai e mãe heróis, em meio às brincadeiras e uma fantasia muito próxima da realidade, tão próxima, que acabados os jogos íamos eu e meus irmãos infernizar a vida da minha avó jogando bola dentro de casa e, justamente na sua sala de estar tão preciosa.
Sempre de última hora a seleção vencia as partidas com placares não maiores que com um gol de diferença, “no sufoco”: BRASIL 1 x 0 EUA, BRASIL 3x 2 HOLANDA, e o fatídico BRASIL x ITÁLIA nos pênaltis. No final tudo sempre dava certo, acreditava eu que na vida assim também seria.
Brasil vencedor da Copa do Mundo de 1994 após 24 anos sem conquista, pra mim a grande vitória é a descoberta de um esporte chamado futebol.

...

4 anos se passam e as emoções se renovam. Não as mesmas. Já conseguia perceber quanto delírio e fascinação exercia um jogador de futebol , tanto que me arrisco a entrar numa escolinha de futsal. O resultado não foi dos melhores. Depois de algum tempo sem poder ir a algumas aulas devido a uma gripe, pergunto a um colega de como estão as aulas de futsal, e ele me responde:
- Poxa! Desde que você deixou de frequentar as aulas melhoraram muito!
Sem traumas, percebi que a análise e não a prática em si do esporte seria o melhor caminho a seguir.
Novamente a seleção brasileira completa seus 7 jogos, porém sem tantas glórias. 7 jogos, 5 vitórias e 2 derrotas, umas destas na final do torneio contra a anfitriã França.
Eu com uma mentalidade de um aluno da 6° série do Ensino Fundamental, mal-acostumado às vitórias de uma Copa atrás, descubro que o Brasil também perde ( e já ñ adianta culpar o Jr. Baiano ou a convulsão de quem quer que seja!). Passo a me acostumar com a possibilidade iminente de vitória ou derrota, comum a qualquer jogo ou situação do dia-a-dia.

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2002. O impossível ocorre novamente. 7 jogos completos, resultantes no Penta Campeonato! Admito que o favoritismo às vezes me incomoda, mas também traz consigo seu lado positivo. Para uma juventude acostumada à vitória nos gramados e a mazelas no Planalto, ela tem um gosto de aperitivo, já que o prato principal é a descrença acarrretada pelo PIB, IDH, pai desempregado, geladeira semi-vazia e ingresso na Rede Pública de Ensino.
Com jogos acontecendo durante a madrugada (devido ao fuso-horário de 12 horas do Japão e da Coréia), acordo religiosamente , independente de horário, e com total disposição, inclusive para assistir os jogos que não são da Seleção brasileira, e aprendo mais uma lição: a de pesar a importância das coisas (nesse caso a importância da Copa, justifica algumas faltas às aulas na escola).

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Sem a inocência de outrora , sem a fantasia dos 8 anos de idade, já tendo descoberto que ninguém é invencível, com total noção de quanto custa para os pais nos manterem, sem a sensação de horizontes expandindo-se e os hormônios dos 16 anos de idade,, sem ser mais enganado pelo ufanismo do “Samba, Carnaval e Futebol!”, com vários trabalhos e provas da faculdade pra fazer, procurando emprego e namorada, e com milhões de sonhos a realizar, vou para minha 4° Copa do Mundo!
Incerto do amanhã. Feliz se o Brasil ganhar. Feliz se o Brasil perder.



ILUSTRAÇÃO: Artista?Quem?

4 comentários:

Anônimo disse...

Comentario 1:

Cheguei agora em casa do jogo do BRasil , to aki bebado e isso eh COPA DO MUNDO ! hahahahaa
nem li o texto mas qnd eu tiver normal eu leio e faço um comentario sobre ele.
BRASSIL RUMUAL EKISSA!

Anônimo disse...

compartilho do seu sentimento. E tenho ficado muito puto ultimamente, o Brasil sendo assaltado a cada dia por uma nova quadrilha, que não é junina! e nuentanto, 90% dos noticiários televisivos são dedicados a saber com que marca de papel higiênico ronaldinho gaucho limpou a bunda nessa semana, qual foi a última modelo que o ronaldinho apesar de gorod comeu. Todo mundo agora é comentarista de futebol e pronto, depois da copa acho que nem derretendo a taça, vai dá pra cobrir os prejuízos das robalheiras nos cofres públicos :/ flw!

Anônimo disse...

Seria bom se os brasileiros se mobilizassem para lutar contra a corrupção, o descaso e o desrespeito, entre outras coisas, que os políticos praticam diariamente. Uma grande mobilização só acontece de 4 em 4 anos, e não é em época de eleição presidencial, mas em época de Copa do Mundo. Foi, é e será sempre assim, infelizmente. Adorei seu texto. Beijos.

Anônimo disse...

Gostei do seu texto, achei interessante a relação entre a paixão pelo futebol e o decorrer da vida, mas devo confessar, mudando um pouco de assunto, que já não aguento mais noticias e coisas sobre copa do mundo!!!!! E concordo com o camarada Hellder:

''E tenho ficado muito puto ultimamente, o Brasil sendo assaltado a cada dia por uma nova quadrilha, que não é junina! e nuentanto, 90% dos noticiários televisivos são dedicados a saber com que marca de papel higiênico ronaldinho gaucho limpou a bunda nessa semana, qual foi a última modelo que o ronaldinho apesar de gorod comeu.''

Mas pelo menos ( não gostei dessa expressão...) seu texto foi um alívio a tantas noticias tolas de copa do mundo.