16.6.06

por Walker Cubano


Em tempos de craque...

45 minutos do segundo tempo, tensão, aflição, todos esperam atentamente por um momento, um único momento, o golllllllllllllllllllllllllllllllll ! Racionalmente um gol não faria tanta diferença em dias comuns, não faria diferença para os ouvidos desatentos, para os cardíacos e para os hipertensos. Em época de copa do mundo os sentimentos afloraram, as emoções se reanimam, o patriotismo é exaltado. O futebol consegue se converter numa fração de segundos em religião, onde a bíblia é o juiz, o templo é o campo, os seguidores a torcida, os pregadores são o jogadores e a fé é o gol.
Copas e mais copas, envelhecemos a cada quatro anos e adquirimos experiências e assistimos a mitos e queremos sempre mais, queremos arte, pintura, pintores, craques, mitos de carne e osso. E por falar em craque, não me esqueço de um deles, por mais que não transpareça, eles estão em extinção, não, não enlouqueci, eles estão em extinção. Estados Unidos, 1994, foram diversas cidades, diversos gols, apenas sete jogos, apenas um nome. Um técnico “turrão”, um time desacreditado, medíocre na verdade, companheiros esforçados e um homem... No Brasil, garrafas quebradas a cada gol, era o camisa onze, lhes apresento o craque.
Definitivamente, craques não se fabricam, craques não se constroem, craques nascem prontos, craques só precisam se aprimorar para se transformarem em ídolos. Craque é aquele que dribla, que enxerga além, que pensa antes de lançar e que não titubeia, não “amarela”, como dizem. Esses, meus amigos, graças aos Deuses, ainda não estão em extinção. E quando falamos em craque, logo nos vêm à cabeça nomes como, Zico, Garrincha, Rivelino, Tostão, Pelé, Romário, e tantos outros. Vem a cabeça nomes que nos fizeram vibrar, chorar, pular, torcer de verdade, nomes que nos fizeram sentir raiva e sentir orgulho de ser brasileiro, um dia eles ainda irão descobrir como nos fazem sentir...
Na categoria craque um deles se destaca, um deles é Romário. Sujeito de nome incomum, de fala pausada, língua presa e declarações bombásticas, língua afiada e bola no pé. Ele foi símbolo de toda uma geração, nos representava ali dentro do campo, carregava consigo o gol, Romário sempre foi sinônimo de gol. Muitas vezes mal encarado, muitas vezes modesto e tantas outras debochado, o ídolo não só sabia mexer com a bola, como também sabia mexer com as palavras, Romário é o cara, Romário sempre foi o cara.
O “baixinho” dispensa comparações. Nunca teve a genialidade de um Pelé, nem a calma de um Zico, nunca teve a técnica de um Tostão e nem a precisão de um Gérson, nunca driblou como Mané Garrincha. Sempre foi Romário, e isso para ele sempre bastou, é e sempre foi Romário. Nunca gostou de treinar, sempre gostou de holofotes, camisas temáticas e choros incontidos. O ídolo é incomparável. Erra, e quem não o faz? O baixinho é gênio, o gênio da área, gênio do gol. Romário é gol. Vida eterna. Salve Romário!

ILUSTRÇÃO: Siegfried Woldhek

7 comentários:

aocubo disse...

Perfeito seu texto cara. O futebol é isso mesmo, um momento que por segundos pode mudar nossas vidas. E quem disser que Romário, de alguma forma, não mexeu com o nosso cotidiano é um belo dum mentiroso. Sem Romário muitos de nós só saberiamos o que é ser campeão pelos olhos dos outros. Salve Romário, salve o futebol e que alguém salve a seleção do Parreira.

aocubo disse...

Perfeito seu texto cara. O futebol é isso mesmo, um momento que por segundos pode mudar nossas vidas. E quem disser que Romário, de alguma forma, não mexeu com o nosso cotidiano é um belo dum mentiroso. Sem Romário muitos de nós só saberiamos o que é ser campeão pelos olhos dos outros. Salve Romário, salve o futebol e que alguém salve a seleção do Parreira.
Ass: Jairo Lucas.

Anônimo disse...

Ótimo texto Walker!Até quem não gosta de futebol se envolve com a Copa do Mundo!
Falando sobre Romário, ele realmente é o CARA.Concordo em dizer que Romário fez diferença em 94, entretanto não tanto como Maradona em 86, Beckenbauer(n sei como escreve) em 74,Rossi em 82,Garrincha em 62 (Pelé machucado)...esses sim carregaram os times nas costas, pois sem a liderança de Dunga, companheirismo de Bebeto, rapidez de Zinho, segurança de Aldair,precisão de Branco e milagres de Taffarel...Romário não seria nada!

Saudaçoes Rubro-Negras e Verde e Amarela!

Flavia Vasconcelos disse...

O que tem de menino por aí com nome de Romário não tá no gibi! Isso que é ser ídolo! beijo meu liiiindo

Lua disse...

Isso aí Matheus MoRRRRRRais!(pRa dar enfâse ao nosso amigo Galvão Bueno)

Anônimo disse...

tá, depois de ter escrito sobre ronaldinho, agora eu quero falar um tiquinho só sobre romário.

eu sou flamenguista, certo?

tá, muita gente pode se perguntar: mas por que diabos ele é flamenguista se nem nasceu no rio?
aí, eu é que pergunto: e por que cacete nós temos que levar como critério para a escolha de um time o lugar onde nascemos?
se há quem seja baiano, paulista ou acreano de coração, por que não posso ser carioca e, por conseguinte, flamenguista?

mas se eu ia falar em romário, falemos: por um tempo gostei muito dele.
eu tenho de admitir que na área realmente ninguém é melhor que o nosso querido pintor de rodapé.

mas uma coisa que eu queria destacar em romário é a forma como ele lidava com a imprensa, as declarações que ele costumava dar.

pérolas do tipo: 'pelé calado é um poeta; ele devia colocar um sapato na boca', ou 'eu sou romário, eu sou deus', tem também a famosa 'quando eu nasci, deus apontou pra mim e disse: esse é o cara!'.

o brasil carece de jogadores que saibam fugir do "é, o professor fez um bom trabalho de 'trenamento', a gente 'estamos' preparados para o jogo e, quem sabe, ganhar os 3 pontos, que são 'importante' pra 'crassificação'..." e usar de boa ironia como romário.

enfim, meu querido, com um comentário do tamanho de uma postagem, mesmo tardiamente eu tenho que dizer que tu foi muito feliz em teu texto.

um abraço e dê lembranças à família.

Bruno disse...

Só nao concordo com duas coisas... ele teve, sim, a precisao do Gerson, mas dentro da área. Teve sim, a genialidade do Pelé... dentro da área também.
Aliás, ali dentro nenhum dos dois foi tao genial qnto ele - pelo que eu ouvi, vi e li.
E falando sobre a copa de 94, bem, os outros é que nao seriam nada sem ele. Com aquela seleção fraca ele conseguiu levar o Brasil ao título, ao topo do mundo. Sem Romário, A Itália é que seria penta, e nós tetra. Pensem nisso. :)