por .g
céu de areia, céu deserto (transtorno bipolar)
sou um deserto na noite
gélido
com uma miragem pra me desviar da realidade
mil camelos pisoteando minha superfície
sem oásis para um breve revigor
cada grão de areia em mim equivale a uma estrela do céu nublado que vejo agora
lá estou
meu corpo é o céu
em queda livre
célula por célula
estrela por estrela
cometa por cometa
planeta por planeta
meteoro por meteoro
atmosfera por atmosfera
como saber por qual meio me guiar?
caio
levito
e me encontro
agora sou um só
ponto
*******
Então, depois de algum tempo de um certo chá que vinha eu tomando (de uma erva cujo nome, se a memória não me falha, é sumiço) decidi voltar. E volto postando um escrito que viria a ser a 2ª parte da série de textos megalomânos pseudo-caeirianos do tipo 'eu sou a natureza, eu sou as flores e as árvores e os montes e o sol e o luar e, por conseguinte, digo logo que sou Deus'.
*******
Umas linhas sobre a ilustração:
"Chuva de meteoros ilumina o céu do deserto próximo a Amã, na Jordânia. Conhecidos como estrelas cadentes, os meteoros são grãos de rochas soltos no espaço. Quando batem na atmosfera da Terra e atravessam a camada de gases que protege o planeta, eles se aquecem e desmancham no ar, formando um risco de luz ." (Folha de S.Paulo, 12/08/04)
6 comentários:
Fico feliz pela sua volta, mesmo porque esse espaço também é seu. Quanto ao texto, devo dizer que está na linha tênue entre a loucura e a lucidez! Um grande abraço
Achei seu blog por acaso, quando estava procurando alguns textos sobre Caymmi... Deparei-me com o seu, escrito na ocasião das homenagens ao compositor, aqui na Bahia. Li, adorei. Deixei recadinho lá. Abraço.
Oi, Gustavo. Desculpe-me por ter trocado os autores dos textos. Peço desculpa ao Matheus também. Vou prestar mais atenção.. :-)
Obrigada por ambos terem visitado meu blog. Beijinhos.
Todos nós somos gélidos às vezes, ou somos quentes feito meteoros riscando o céu. Todos nós temos um pouco de céu dentro do nosso corpo e também temos o corpo dentro do céu. Todos nós flutuamos, levitamos e também ficamos intáctos, deitados na cama, imaginando isso tudo.Somos uma confusão que nem sei...
Arranhe o céu que encobre, borrado de estrelas, o chão de areia.
Rasgue o pano que é de nuvem, veja a pele escura, negro universo.
Não te percas, apenas te partas em milhares de outros pedaços e seja um só, grão de areia desse chão encoberto.
Gostei da paradinha do desenho dos versos! Abraco. Ah, eu acho que esse cha eh de Santo Daime. E esses meteoros no ceu da Jordania sao misseis...
Postar um comentário