Ao povo de santo
Vida em prol da fé, da crença
Em oração pedimos, em cada súplica
Quilômetros, procissões de quê?
De fé, Jesus, Buda e Alah, velas e crenças
Distintos, sincretismos e misturas, efêmeros e diferenças
De Santo Antônio, Santa Bárbara, São Jorge
É Ogum, Oxum, Oxossi, Iansã
Da procissão ao terreiro
Contas se fundem com terços e velas
Procissões, de tantos e tantas, descrenças
Beatas, cantam, sussurram leve ao ouvido
Fusão de cores, velas, pés inchados
A crença descrente, a dor que não dói, o amor que não ama
Do povo sofrido, da seca, do calor do sertão
De gente que chora, que diz amém e agradece por um pouco de farinha
Dos meninos dos pés descalços, do rancor, da fome
Gente que tem santo e nosso senhor na parede, a benção...
Deus lhe ajude, lhe pague e lhe dê em dobro
Carece não, seu moço
O canto para curar, o santo para abençoar, a fé para crê
Duas, três, quatro, cinco beatas, véus de renda, missão
De quem segue meu padinho pade Ciço, de Juazeiro do Norte
De quem pede, Louvado seja nosso senhor Jesus Cristo...
Para sempre seja Deus louvado
De quem segura na mão de Deus e vai, de quem nunca foi, todos iremos
Em romaria, em prece, em pau de arara, em busca das “melhoras”, eles vão
Sigam, segue, seguimos
Na estrada de barro, com o chapéu de palha e o lenço na cabeça
Com a enxada, suor no resto e força bruta nas mãos
Onde for nós iremos, onde for “nóis” vai
Quem te mandou aqui, Virgulino?
Não abençôo cangaceiro, Virgulino
Disse Padre Cícero à Lampião
Tudo pela crença do povo, da cidade ou do sertão
Abram alas para as crenças do povo, abram alas para as procissões de fé.
5 comentários:
"Não temas, segue adiante e não olhe para trás. Segura na mão de deus e vai...". Sabe aquelas melodias que trazem o cheiro da infância? Uma época tão colorida quanto o é, em alguns momentos, agora. Adoro. Lembra-me um tempo em que crer fazia todo o sentido. Futuramente talvez, o faça novamente.
Indo ao texto e deixando a nostalgia de lado... Sendo simples, simplesmente, ADOREI. A sensação que tive, e não sei se comum a todos que leram e lerão tal texto, é a de quem acompanha uma procissão. É a de ver, numa casinha de barro, o santinho a quem se reza todo dia. Talvez por ser uma coisa bem mais próxima a mim do que se pode imaginar a alguém que mora na cidade e vai a um interior não muito distante.
Nos meus poucos anos de vida, ou muitos - depende do ponto de vista, o que pude perceber é que "a fé move montanhas". Independente no que se crê. Eu vejo pés sujos de barro. Eu vejo tristeza e fé. O lindo no que alguns achariam feio. Ou puramente um texto de uma leveza, tão pesada por ser complexamente simples. E bela.
Seria errado repetir o ADOREI?
Isso, talvez...
Um beijo, Grande Matheus. Parabéns novos, porém comuns - visto a sua perfeição em decalcar a natureza humana através de palavras.
Sensibilidade sempre nessa cabeça abençoada! Cabeça e coração! Abençoada por todos os santos e orixás. Bonzinhos e danados,feito Exum (eu acho), já que cabeça e coração de gente têm das duas coisas! Lindo, Theu! Lindo...
Ah! E passe no Modos de Ver também viu?
Muito bom, muito bom.É sempre bom encontrar blogs bacanas e feito por gente boa. Virei fã há um tempo, e estou redescobrindo vcs agora. Sucesso!
acredito q todo trabalho q envolve criatividade acaba sendo uma exposição, um "se mostrar além da conta". escrever talvez seja a pior de todas elas, a mais aberta e de fácil leitura (uma palavra dita ñ volta atrás!). qndo alguém se propõe a fazer um livro, pintar uma tela, ter um blog, etc ela resolve de peito aberto se mostrar um pouco. fico feliz q façamos isso com mto prazer, pensando sempre nas palavras a serem postadas e constantemente buscando um novo frescor pros leitores. ainda bem q faço parte dessa empreitada chamada Ao Cubo. Vida longa pra nós!
ahhh, ia me se esquecendo, o texto, mais uma vez lindo!
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